Preparar, preparar, preparar. A necessidade de acertar de primeira, de fazer um projeto original e irretocável, é um ideal que gera paralisia e uma autocobrança intransponível.
Eu costumo chamar esse modus operandi de “Efeito Quico”, em referência ao famoso personagem do Chaves. Você se lembra, quando ele e o Chaves iam brincar de bola, e ele enrolava pra chutar a bola, indo e voltando… ensaiando pra chutar?
Me sinto assim em muitos projetos de vida. Penso que muitos também devem se identificar.
Não é por falta de vontade de chutar a bola, mas consumimos tantos conteúdos interessantes e criativos nas redes sociais (especialmente Pinterest e Instagram), que quando você vai produzir algo seu parece que você não tem recursos, ou técnica, ou foco, ou o contexto (o pior de todos) o suficiente para produzir nada! E fica só ensaiando…
A ilustradora Luiza Normey, no 1° episódio do podcast Amarelo Gema, que se chama “Transformei meu instagram num blog” descreveu como silenciou suas redes para conseguir concentrar-se na criação de suas aulas e de seu conteúdo.
Em outras palavras, ela diz algo como: eu dizia pra mim mesma que estava acompanhando o feed pra ver inspirações e observar referências dos artistas que gosto, mas isso tomava o tempo que eu deveria/poderia estar fazendo as coisas pra mim.
Em 2020, com a rotina mais assentada em casa, tive tempo e vontade de retornar a estudar os assuntos que gosto.
Nesse contexto, surgiu timidamente este blog sobre criatividade e outras referências 😊.
Em abril, me deparei com o bordado do História Bordada e achei muito fofo e estimulante o projeto de fazer os bordados referentes aos meses do ano.
Achei que era o mínimo diário viável – com licença poética para usar a expressão cunhada, até onde eu sei, pela Thaís Godinho, do Vida Organizada, um blog e uma blogueira de quem sou assumidamente fã, embora eu mesma seja pouco organizada, em geral.

Com essas inspirações, tenho voltado aos poucos a desenhar e a bordar, e no meio de um deles me veio como inspiração essa frase “Erre mais”, um insight que me ajuda a pôr o pé no chão e sair do Efeito Quico, pra colocar a mão na massa, buscar a tentativa e erro, rabiscar e apagar, etc…
Pra completar o ano de 2020, ganhei um Kindle do meu marido 😍e fiz a passagem de ano lendo o livro “Roube como um artista – 10 dicas sobre criatividade”, de Austin Kleon.
Se eu não absorver mais nada do livro, apenas duas informações já valeram.
Uma delas é o trecho em que ele menciona a frase de André Gide: “Tudo que precisa ser dito já foi dito. Mas, já que ninguém estava ouvindo, é preciso dizer outra vez”.
E Austin completa: “Se estivermos livres do fardo de ser completamente originais, podemos parar de tentar construir algo do nada e abraçar a influência ao invés de fugirmos dela.”
Por fim, ele comenta algo que eu ouvi anteriormente nos podcasts da Nina Cast que já mencionei aqui outra vez. Muitas pessoas perguntam a ela: “mas sobre o que eu vou escrever, desenhar, pintar, etc?”. Ela responde: sobre aquilo que você mais fala.
Austin Kleon, em seu livro, complementa:
O melhor conselho que tenho a dar não é que você escreva sobre o que você conhece, é que escreva o que gosta. Escreva o tipo de história que você mais gosta – escreva a história que você quer ler. (…) Desenhe a arte que você quer ver, comece o negócio que quer gerir, toque a música que quer ouvir, escreva os livros que quer ler, crie os produtos que quer usar – faça o trabalho que você quer ver pronto.”