Um dos meus livros favoritos, pela sensação de conforto e estímulo que me traz, é o livro O Caminho do Artista, de Julia Cameron. No final dos anos 70, a norteamericana já havia uma consolidada carreira como escritora, dramaturga, e compositora, mas uma mudança nos seus hábitos e estilo de vida a forçou a ressignificar suas rotinas de criação. Como era de se esperar, o temido bloqueio criativo surgiu…
Para driblar esse período de “ideias emperradas”, Julia começou a testar ferramentas e práticas que, posteriormente, tornaram-se a matéria prima para o seu curso, “The Artist’s Way”, cuja primeira turma reuniu escritores, poetas, e cineastas em uma jornada de 12 semanas no método de recuperação criativa, em Nova York.
Nas turmas seguintes, advogados, empresários, pintores, e outras pessoas sem qualquer pretensão ou experiência artística ao longo da vida também se lançaram nessa experiência: o livro é cheio de exemplos de artistas e não artistas que aplicaram as ferramentas em prol dos seus projetos pessoais de vida.
Permeando todas essas histórias, no entanto, alguns personagens recorrentes são bem desagradáveis: o medo, a vergonha, ou a amarga frustração sentida por quem viu-se inspirado por uma ótima ideia mas deixou-a guardada na gaveta – muitas vezes por causa de uma mistura de todos esse sentimentos, que muitas vezes paralisam ao invés de ensinar.
Não são poucas as outras pessoas por aí que também passam por dúvidas e inseguranças. Eu mesma já me vi muitas vezes nessa posição. Na descrição no blog, eu partilhei várias aventuras criativas que eu fiz ao longo dos últimos anos. Fiquei rica por causa delas? Não. Fiquei famosa? Não. Em todas elas eu tinha tanto qualidades a meu favor, quanto limitações que eu precisava trabalhar. Mas experiências são assim: você testa e tira um aprendizado, que podem ser decisões, habilidades ou apenas a confiança que vai te preparar pra um outro momento de vida. Afinal, a existência é uma constante lapidação…
Talvez você pense em estudar um instrumento novo, aprender a fazer marcenaria, criar uma orquestra no seu prédio, lançar sua própria linha de caneta, desenvolver estamparias para roupas de cama, aprender uma nova língua ou trocar as cores das paredes da sua casa a cada mudança de estação.
Seja qual for a sua inspiração ou projeto, eu diria que não custa fazer o básico: estudar sobre o assunto, perder umas horas pesquisando, e o que vai acontecer depois disso, somente a sua vontade e a própria alquimia do tempo poderão dizer. “Salte e a rede aparecerá”, ensina ela no livro, chamando as pessoas a confiarem no movimento da vida e nas sincronicidades.
Pelo impacto que o livro me causou, eu já adianto que ele vai ser assunto recorrente aqui, até porque ele te provoca a colocar muita mão na massa também! Falarei sobre isso em outros posts futuramente.
Se quiser, deixe nos comentários se você já leu o livro, os projetos criativos que você já fez ou que sonha em fazer.
Bônus:
- Decidi criar esta seção para trazer algum bônus ou alguma curiosidade que não estava no texto, e essa tag vai estar em todos os posts com esse conteúdo a mais;
- Julia Cameron já foi casada com o cineasta norteamericano Martin Scorcese;
- Se você não é muito de ler, mas também adora um podcast, você pode fazer o estudo guiado do livro na série de episódios do podcast “O Caminho Artista – por Nina Cast”, que reproduz os exercícios das 12 semanas do curso, conforme os capítulos do livro. É uma delícia!
Na época, eu ainda não havia descoberto que costumamos praticar aquilo que pregamos; que, ao desbloquear a criatividade dos outros, eu também desbloquearia a minha; e que, como todo artista, eu me desenvolveria muito mais facilmente caso estivesse ao lado de pessoas que dão os mesmos saltos de fé que eu.
Do livro O Caminho do Artista, de Julia Cameron
Um comentário em “O Caminho do Artista (e do não artista)”